quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Aquele Momento.


Parecia improvável.
Ele: menino, joga futebol, boné, é baterista, gosta de buteco, mochila nas costas,sai com os amigos para jogar truco e sinuca, gosta de kart, tem três pares de havaianas, vive com a mãe e o irmão mais novo e até sabe alguns passinhos de forró.
Ela: mulher intensa prefere vinho chileno metódica discute educação social bailarina profissional decidida signo de câncer esforçada unhas brancas fala inglês espanhol e lê francês. Isso mesmo. Desse jeitinho. Possui uma vida tão corrida que fica sem tempo para respirar, fazendo tudo ao mesmo tempo.
Era dia de semana.
Ela não podia estar ali. Sempre acorda antes das 6:00 para lavar o cabelo e preparar sua salada de frutas e biscoitos água e sal para levar para o trabalho. Mas estava lá.
Ele não podia estar ali. Não tinha carteira e pegou o carro da mãe sem seguro alem de ter prova aberta de física no primeiro horário pela manhã. Mas estava lá.
Ela não bebia nas quintas. Mas bebeu.
Ele tinha ensaio com a banda. Mas faltou.
Não sei a hora, muito menos o porque. Não que isso de fato tenha importância. Mas estavam ali. Aquele era o momento.
Durante um jogo de cartas. A casa lotada. O som bem alto. Familiares, conhecidos, amigos e desconhecidos. Muitas pessoas.
Do vinho na mesa só restava três dedos, da cerveja no copo não restava mais nada, e dos protagonistas o que restava se perdeu.
Eles se encontraram.
Ele até que se encaixava  no perfil dela.... daqui a alguns anos.
Ele não sabia se ela era o perfil dele. Estava muito alterado para isso.
Frio na barriga, dela.
Sorriso sincero, dele.
Olhares intensos, deles.
 Assim foi.
Não, não foi. Durou mais. Bem mais. O momento se estendeu.
Não sei se da para descrever esse momento, ou mesmo chamá-lo de momento. Momento dura apenas um momento.
Ali não. Tudo parou. Foram só alguns segundos. Todo o tempo do mundo. 
Só ela e ele. Apenas eles. O mundo todo se perdeu.
Eles se encontraram.
...

(Dublin-Irlanda)

O que aconteceu depois?
Isso pouco importa. Na verdade não tem importância nenhuma.
O depois fica para depois. Para mais tarde.Será outro momento.


"Há momentos, e você chega a esses momentos, em que de repente o tempo pára e acontece a eternidade." (Fiodor Dostoievisk)


3 comentários:

  1. Eduardo e Mônica?


    Bonito, mas ensaio de banda não rola de faltar...

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  2. Eduardo e Monica? Vitor e Ana? Romeu e Julieta? Sao historias de romance que se confundem e se misturam com momentos da realidade.
    E o retrato desse momento feito por voce, é um retrato intenso e sensivel...
    O q dará mais importancia ao momento sao os varios retratos feitos que se tornam uma história... no sentido mais prazeroso da palavra! Escreva mais q eu to adorando...

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  3. Ufa! Que dificuldade escrever em seu blog. Já fiz várias tentativas e não consegui postar meu comentário.Sempre caia... Agora espero que dê certo.
    Bem, quero elogiar seu texto, sua escrita.
    Me lembrei do escritor Roberto Drumond e seu livro DJ em Paris.
    Cotidiano rico que pode virar conto, crônica...
    Parabéns Vitor!
    Bj no coração

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